domingo, 9 de maio de 2010

Blog-Hop - Os meus pacotinhos

Seguindo a ideia da coleccionadora de pacotes de Açúcar Catarina Rosado, eis que apresento dois pacotes.
Não digo pacotes de açúcar favoritos, pois numa colecção onde dedico muita atenção, trabalho e até carinho, são muitos os pacotes favoritos.
Estes pacotes não foram os meus primeiros, nem últimos até ao momento, são simplesmente dois pacotes que representam um tempo, um espaço, uma história, uma parte da minha vida que volta à minha memória através da publicidade neles inserida.

Como é que dois simples pedaços de papel com desenhos impressos, podem representar tanta coisa?
Muitos anos passaram (mais de 20), quando nos cafés ou nas pequenas lojinhas de comércio local (não havia outras na altura), minha mãe melancolicamente levava a mão à carteira e sacava a moedinha de cinco escudos, comprando uma deliciosa pastilha elástica em que o papel vermelho com bolinhas amarelas e um gorila meio manhoso me fazia logo ali ficar com água na boca.

As pastilhas do mais rijo que existia, levava, sem exageros, uns cinco minutos a amolecer na boca e dez a tirar todo o seu sabor.

Na altura um gaiato queria lá saber disso, o que interessava mesmo era mastigar toda aquela envolvência de sabor pouco duradoiro durante horas e horas, coleccionar os papelinhos com bonecada e no final do "mascanço", muitas das vezes sem que a professora desse conta, agarrar nela com a pontinha dos dedos e colar debaixo da mesa da sala de aula ou até mesmo da cadeira.
Já as chicletes, eram uma coisa mais fina, bem mais chique, algo que só se devia mastigar aos Domingos, e atenção... depois da missa!
Estas pastilhas, numa categoria superior às Gorila, a sua caixinha amarela chamando a atenção da pequenada, levava-me quando ganhava alguma a passar prolongados minutos a agitá-la para ouvir as doze pastilhas pequeninas e branquinhas baterem umas nas outras e ao roçar no papel da caixa faziam um barulhinho muito semelhante a maracas ou até comparavel à cantoria das ensurdecedoras cigarras.
Estavam sempre na prateleira mais alta do "Ti Candaco", café típico de uma aldeia do interior (Quadrazais seu nome), onde os velhotes de bengala, chapéu preto e botas muito sujas rejubilavam com o traçadinho, o dominó e as cartas.
Os homens (menos velhotes), bebiam cervejola, com as calejadas mãos seguravam o cigarro e trincavam tremoços ou amendoins, deixando cair as cascas naquele chão já de si negro do tempo.
As senhoras, para além de tomar a bica depois do almoço, iam ver a novela das 20h (aqui televisões só em casa de rico ou café).
A criançada divertia-se com as fitas penduradas na porta, ora entrando e saindo ou brincando na rua de fraca luminosidade tentando apanhar os morcegos que por ali caçavam o seu insecto.
E eu, sempre muito observador lá ia mascando ao sabor do tempo...

1 comentário:

  1. digo ja que sou muito mais novinha e que as pastilhas gorila sao uma grande memoria da minha infancia (que nao foi assim à tanto tempo) mas bem me lembro quando a minha avozinha me dava uma moedinha de 5 ou 10 escudos e eu ia toda feliz ao café comprar uma pastilha gorila de banana que eram as minhas preferidas.. =)

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